
DAREN RABINOVITCH
Para o Mário-Henrique
Continuar aos saltos até ultrapassar a Lua
continuar deitado até se destruir a cama
permanecer de pé até a polícia vir
permanecer sentado até que o pai morra
Arrancar os cabelos a não morrer numa rua solitária
amar continuamente a posição vertical
e continuamente fazer ângulos rectos
Gritar da janela até que a vizinha ponha as mamas de fora
pôr-se nu em casa até a escultora dar o sexo
fazer gestos no café até espantar a clientela
pregar sustos nas esquinas até que uma velhinha caia
contar histórias obscenas uma noite em família
narrar um crime perfeito a um adoslescente loiro
beber um copo de leite e misturar-lhe nitroglicerina
deixar fumar um cigarro só até meio
abrirem-se covas e esquecerem-se os dias
beber-se por um copo de oiro e sonharem-se Índias.
António Maria Lisboa
Quem se identifica?
2 comentários:
Eu.
Com ressalvas: amando a horizontalidade dum sofá e sem nitroglicerina no leite, que detesto.Desculpa, mas o meu estado de espírito hoje não está para mais brincadeiras...:)
Bom domingo.
P.S.
Ah... e obrigada.
O poema desencadeou um sorrisinho na minha boca. Eu prezo, com paixão, esses malucos surrealistas lusitanos.
Beber muitos copos de oiro com Cesariny vinha a calhar...
Enviar um comentário