quarta-feira, 11 de outubro de 2006

(para quem tiver paciência):
-------------------------------------------------------------------------------------
“A espiral, cuja formação natural é frequente no reino vegetal (vinha, volubilis) e animal (caracol, búzios, etc.) evoca a evolução de uma força, de um estado.
Esta figura encontra-se, em todas as culturas, carregada de significados simbólicos: É um motivo aberto, e optimista: nada é mais fácil , partindo de uma extremidade da espiral, que atingir a outra extremidade ( BRIL, 198).
A espiral manifesta o aparecimento do movimento circular saindo do ponto original; mantém e prolonga este movimento até ao infinito: é o tipo de linhas sem fim que ligam incessantemente as duas extremidades do futuro…(…)”
*
“O simbolismo do vento tem vários aspectos. É, por causa da agitação que o caracteriza, um símbolo de vaidade, de instabilidade, de inconstância. É uma força elementar que pertence aos Titãs: é o que basta para dizer da sua violência e da sua cegueira.
Por outro lado, o vento é sinónimo do sopro e, consequentemente do Espírito, do influxo espiritual de origem celeste. É por isso que os Salmos, como o Alcorão, fazem dos ventos os mensageiros divinos, o equivalente dos Anjos.
(…)
Segundo as tradições cosmogónicas hindus das Leis de Manu, o vento teria nascido do espírito e teria gerado a luz:
O espírito, instigado pelo desejo de acreditar…gera o espaço. Da evolução deste éter nasceu o vento…carregado de todos os cheiros, puro, poderoso, tendo a qualidade do tacto.
(…)
O poeta romântico inglês Percy Bysshe Shelley evoca a poesia cósmica do vento, que destrói e renova, e que é como uma alma:
…sedutor dos espectros…
espírito selvagem, tu cujo impulso preenche o
espaço,
Destruidor e salvador, escuta, escuta-me!
…só tu, indomável…
Alma arisca, sê
Minha alma! sê eu mesmo, vento impetuoso!
Leva um pensamento extinto pelo mundo,
Folhagem seca, de onde renasce a vida!
E, pela força encantatória deste canto,
Derrama, como de uma fornalha inextinguível
Cinzas e fogo, uma voz entre a humanidade!
Sê pela minha boca, para a terra ainda
adormecida
A trombeta duma perdição! Ó vento,
Se o Inverno chega, pode tardar a Renovação?

(CAZA, 220-223) “

-------------------------------------------------------------------------------------
in Cheavalier, Jean e Gheerbrant, Alain: Dicionário dos Símbolos; Teorema; Lisboa; 1982.
Related Posts with Thumbnails